Ser Trasmontano é...

"Ser Transmontano é ser mais forte!
É ir além do sonho humano!
É transcender-se como ninguém.
É ter no peito o amor à terra sua raiz!
Render-lhe preito, e orgulhar-se do seu País.
Ser Transmontano é um estatuto, religioso,
De homem lhano, que sai de tudo vitorioso,
É quase um mito de humildade! Firme! Sem preço!
Como o granito inabalável que faz seu berço.
Ser Transmontano, é ser amigo do seu amigo.
Leal e ufano da valentia perante o perigo.
Bom Lusitano, divide o pão p'los seus iguais!
Ser Transmontano, é tudo isso, e muito mais!"

in "VERTENTES DA VIDA" de Graziela Vieira

Objectivos deste Blog!

Este Blog tem como objectivo contar histórias sobre as Gentes da minha terra.
Os nomes são fictícios, ainda que quem conheça as personagens sabe de quem estou a falar.
Umas histórias são verdadeiras, com alguns arranjos ou modificações, outras são fruto da imaginação fértil do Autor do texto.
Este Blog serve também para homenagear, e falar sobre a minha Aldeia (Travanca - Mogadouro).

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ÈS TRANSMONTANO?

Histórias »relativamente« estúpidas

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sábado, 1 de dezembro de 2007

JORNALITO d'ALDEIA - última hora!

Segundo informações colhidas junto de uma fonte do Autor, o Alcaide Farinhas e Bancos, nosso Mestre e Senhor, deu ordens expressas à sua Secretária para enviar um oficio ao presidente da câmara; para quem não conhece a secretária, fica a saber que é feita em madeira do melhor que há, cedro maciço vindo do estrangeiro. À pois é!!!
No ofício, sabe o Autor, vai um pedido com carácter urgente para que se comece a pensar em fazer um Posto da GNR na aldeia, com a maior brevidade possível.

O Posto, segundo o nosso Presidente, será erguido nos terrenos adjacentes à Tasca do
Caçarretas. A palavra adjacente é só para enganar, porque pelo que parece vai ser mesmo dentro da Tasca.
Julga-se que o Alcaide Farinhas e Bancos propôs um efectivo de 1 Guarda por cada 100 residentes, ou seja, 1 Geninho no total.
O nosso Mestre e Senhor deu uma segunda opção, que seria a de o Posto ter 1 Comandante, 1 Imediato, 1 Fachineiro, 1 Condutor e 1 Limpa sanitas, sendo que todos estes cargos, assim quer o nosso Mestre e Senhor Alcaide Farinhas e bancos, seriam entregues a uma, e só a uma pessoa da sua confiança. Correm Rumores que já haverá um voluntário para ocupar o cargo.
Mais desenvolvimentos no próximo
Jornalito d'Aldeia.

Autor: Nuno

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

ROSEMARY I – PARTE I

Que fazer! … Dona Rendas para não variar cumpria o seu ritual diário... dormir e fazer ou desfazer renda. Né Caçarretas depois de mais um dia longo (ia á caça, quer dizer ia almoçar fora já tinha a merenda pronta) já se tinha pirado para o abrigo dos seus queridos cobertores, que ele tanto adorava. Entretanto três alegres amigos da dita cuja água com gás amarela, ou sumo de cevada se quiserem chamar-lhe assim, se encontravam juntamente com as esbeltas barrigas (eles queriam gajas, mas pronto em falta delas a lourinha era sempre uma companhia apetecível e nunca dizia que não; resmungar era vocabulário que ela não percebia) pensativos e preocupados, pois a noite ainda era uma criança e a cerveja ainda não tinha atingido o seu ponto limite (ainda deviam faltar para aí 2 grades ou mais pensaram eles);
Como num rasgo de imaginação (coisa em voga por eles) lembraram-se que nesta altura do ano havia sempre festa numa aldeia próxima e, meu dito meu feito, nem é tarde nem cedo, toca a abalar que a noite ainda ia curta.
Calma – disse Ronhas Canhono – que tal emborcar mais uma para a sossega que a viagem ainda demora (20 minutos a correr mal)?
Excelente ideia sublinhou Alcaide Farinhas e Bancos com o total apoio de Adalberto João, para não variar.
Para não acordar Dona Rendas, Adalberto João com o seu jeito desengonçado foi ao balcão buscar as cervejas que logo foram consumidas de um só trago e lá foram eles todos contentes.
Se havia noite que fazia frio essa era uma delas... Gajas ou loirinhas na festa? Nem rasto delas...!!! Como o frio apertava e cama era o melhor remédio resolveram, para grande tristeza deles, partir para a sua querida tasca, pois tinham a certeza que Dona Rendas ainda se encontrava no seu querido poiso (ainda que a dormir profundamente, mas isso também não é novidade para voçês) e assim podiam beber a da sossega mais uma vez.
Calma, exclamou Adalberto João antes de entrar no carro – Aqui ao lado cheira-me a coelho. Que tal levar um para fazermos uma patuscada um dia destes?
Tá certo – exclamou Ronhas Canhono – eu ajudo-te;
Entrando, de mansinho dentro duma garagem, qual raposas esfomeadas, e já prontos para o dito desvio, qual não é o seu espanto quando depararam não com coelhos mas sim com galinhas (apenas mais um pequeno engano no olfacto de Adalberto João). Mas como homens destemidos depressa sacaram uma galinha e toca a abalar, que o medo, além do frio, também apertava. Posso-vos garantir uma coisa! Até à tasca, a galinha se houve coisa que não teve foi calor, pois a sua parte do carro era descapotável. A galinha, e o braço do Ronhas que ia com ela pendurada pelo pescoço do lado de fora do vidro, todo contente da vida.
Sabem como foi baptizada essa galinha (vá lá puxem pela memória)?
Querem saber o resto da história (claro que não)? E como dona Rendas, desde então, teve ovos no seu galinheiro?
Não percam a saga desta emocionante aventura em Rosemary Parte 1 ½.
Autor: Rui

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Grande pontaria ADALBERTO JOÃO

Era um dia especial na Aldeia. O Clube dos Rateiristas organizava uma patuscada, e a vitima era a Rosemary III. Vocês ainda não conhecem a Rosemary III mas futuramente contarei a sua história desde a Rosemary I até à actual.
O Pessoal estava todo reunido para decidir onde seria a matança do bicho. Adalberto João, como é o Presidente do Clube dos Rateiristas tem a palavra final… ‘Ó meus Deus, espero que não seja necessário chegar a esse ponto’. - Pensou o Alcaide Farinhas e Bancos. Deus estava de folga hoje, pois pelos vistos não houve consenso. Adalberto João era mesmo o manda chuva da ocasião. ‘Eu decido’! - Disse Adalberto todo inchado e vaidoso. Com o polegar e o dedo indicador direito a coçar os três pelos que tinha no queixo, no intuito de demonstrar-se pensativo e com alguma carola, esbugalhou os olhos e disse (ó não! Ele consegui tomar uma decisão): ‘Vamos todos para o Complexo das Patuscadas da Granja. ‘
Ficou tudo em silêncio. Afinal estavam à espera de uma tragédia e pelos vistos Adalberto até que não se saiu mal. O Complexo das Patuscadas da Granja era perto e era sossegado. Era perfeito para ser tomado de assalto pelo pessoal.
‘Bora lá pessoal’, disse o nosso Presidente Alcaide Farinhas e Bancos.
Foi uma tarde em cheio. Barriga cheia de xixa e claro, muita mas mesmo muita cerveja, oferta da Dona Rendas. Eu sei que é difícil de acreditar, mas a Dona Rendas ofereceu mesmo a cerveja toda.
Chegada a noite, mas ainda cedo para cobrir as mantas com o bafo do álcool que se encontrava em fermentação e que em breve teria que ser libertado, era hora de ir até Saldanha. Como não podia deixar de ser, no verão há sempre festa em qualquer lado.
Lá foram os Sete Artistas a caminho de Saldanha. Vejam só quem eles eram: Adalberto João, Alcaide Farinhas e Bancos, Careca Picheleiro, Slipe naite Caçarretas (filho do Né Caçarretas e Dona Rendas), Pedrito Pai de Vacas, Tonho Canhono e Ronhas Canhono - mal este último sabia que Saldanha iria marcar a sua vida para sempre, mas isso fica para depois.
Qual Zézito Pássaro, a noite foi toda ao balcão, pois lá é que está a cerveja mais fresca.
Estava na hora de regressar. Os fardos de palha em forma de colchão e as mantas a cheirarem a excremento de vaca (sem ofensa Pedrito), esperavam por nós.
Era hora de tomar mais uma decisão. Escolher o local onde iríamos estender as mantas.
‘Bem, como o Adalberto João é o presidente do Clube dos Rateiristas e como ele hoje tem acertado com as decisões, ele que decida! ‘ – Disse o Careca Picheleiro.
Adalberto João todo vaidoso pelo elogio tomou de imediato a decisão: ‘ Aqui é o melhor local, sem dúvida, o sol só chegará cá por volta do meio-dia. ‘ Meio-dia estava bem. A essa hora já o álcool fermentou todo, e os gazes estão a caminho do além.
Com o bucho cheio e as pernas cansadas de estarmos em pé a noite toda ao balcão, foi fácil adormecer.
Era melodia para os ouvidos de qualquer um, aquele ressonar metódico e com os tempos certinhos. Pareciam Betoneiras a trabalhar a todo o gás, sem excepção. Quer dizer, sem excepção também não. O Tonho Canhono é um caso sem cura. O Homem Range os dentes. Mas como qualquer melodia é feita por vários instrumentos, neste caso provavelmente o Tonho era o teclas.
Era noite de Lua cheia, parecia dia. Ops, espera lá! Já é dia! Seis e meia da matina e o sol batia na testa do pessoal de tal forma que se houvesse galinhas por perto, o pequeno-almoço seria ovo estrelado.
Mais uma vez o Adalberto João teve uma pontaria infalível que confirmou a regra. O Homem acertou no melhor sitio para dormir, não acertou foi na hora que o sol nascia naquele local, mas isso é um pormenor.

Autor: Nuno

sábado, 24 de novembro de 2007

Zézito Pássaro e os seus ESQUEMAS

Noite fria aquela! Também, era Inverno, o que é que um Gajo quer?
-Porra, ‘Ó Tonho Canhono, para primeira história já tas a falhar…’-
- Ok, Peco desculpa! Recapitulando… Ou bem que estavas na cama, enrolado nos lençóis, e em 2 toneladas de cobertores, ou estavas feito. Morrias ao frio!
Quer dizer, a não ser que estivesses na Tasca do ‘NÉ CAÇARRETAS’ e da sua fiel e adorada esposa ‘DONA RENDAS’‘A TABERNA DO CAÇARRETAS’ – pois a lareira estava sempre a rasgar lume… e frio ali? Ali não havia frio não senhor, ainda p’ra mais com a cerveja que um gajo mete ao bucho!
Enfim, mas nós estamos aqui por causa do Zézito. Grande Zézito! Grande Zézito! 1 metro e meio de altura, 2 de largura…
Aquela noite era a sua noite. Festa em Águas Vivas, Sequência ao mais alto nível…
‘Espera ai ó Zézito, -disse o Ronhas Canhono (irmão mais velho aqui do Je)- hoje também há festa no Variz e em Mogadouro. Como é que é a nossa vida Zézito? Onde é que a gente vai afinal? Sim? É que daqui a Águas Vivas são uns kilometrozitos?
Não, não, não. Nem pensar. Hoje nada podia falhar. ‘Águas Vivas e mais nada! ‘ Disse o Zézito Pássaro num tom de voz já um pouco p’ró parvo… Esta noite era a noite, ou então, tonight is the night, se o Zézito soubesse língua estrangeira. O Homem tinha um ESQUEMA em andamento, e nos seus planos estava Águas Vivas.
‘Ó Dona Rendas, traga aí mais umas cervejitas p’ra gente que o frio aperta e a sede desperta, e aqui o meu amigo Ronhas Canhono vai-me dar boleia, vamos á festa de Águas Vivas.’ ‘Dona Rendas? Ó Dona Rendas? Acorde! É pá, que a mulher tá sempre a dormir.’ Deve ser do cansaço de dar à unha com a agulha (ainda que tivesse que desfazer tudo no dia seguinte).!’ disse o Ronhas!
Á quinta rodada (paga pelo Zézito, que o Homem tinha que subornar o Ronhas, pois o seu carro estava avariado, não tinha marcha-atrás) já o Ronhas se encontrava convencido; ‘Ok Jovem, vamos a Águas Vivas então! Já que tens lá um esquema (provavelmente Gajas) também não quero ser eu a estragar-te a noite.‘
E lá foram os dois até á festa.
‘Ganda festona Ronhas, tá cheio de gajas. Bora lá beber uma bejeca.’
Após uma carrada de cerveja no bucho, o Ronhas estava farto. E o esquema do Zézito ainda o enervava mais… esquema? Qual ESQUEMA? O Homem esteve a noite toda a beber. Não mexeu um calcante que fosse para sequer ver como paravam as modas no baile. Enfim, uma noite ao mais alto nível para o Ronhas, que ainda teve que levar o Bêbedo, quer dizer o Zézito à cama.

Autor: Nuno